Biolokos

Em Outubro de 2001 um grupo de "crianças" do secundário foi praxado na FCUL. Em Janeiro de 2005 surge o Blogspot desta geração de Biólogos que, certamente, conquistará o mundo. Este é o nosso diário.

fevereiro 13, 2006

Os alicerces da ciência

Estamos hoje, mais do que há um ano, conscientes de que por detrás de cada western, por detrás de cada barra de erro ou até por detrás de cada agradecimento que vemos num artigo cientifico está todo um mundo de pequenos pormenores mundanos do dia a dia do laboratório.
Já não nos sai da cabeça a sensação de entrar numa sala e sentir cheiro a beta mercaptoetanol, do suor que fica nas mãos quando tiramos as luvas depois de duas horas de manipulação intenisva de dezenas de tubos ou da luz vermelha da sala onde revelamos os Westerns.
Estamos mais do que nunca qualificados para perceber que a ciência não cobre apenas os gritos de Eureka! que são, afinal, tão raros.

Numa destas tardes, estava eu sentado na bancada mergulhado nos detalhes do milímetro quadrado de ciência que me foi atribuido quando, como já é hábito, o Átila, um gigante russo que faz a distribuição das encomendas por todos o campus, entra no laboratório com mais material para entregar. O meu orientador estava por lá e foi ele próprio assinar a confirmação da chegada do pacote. Foi estranha a forma entusiasmada como recebeu a novidade que vinha empacotada. Seria mais um kit de siRNA? Quem sabe uma nova forma de medir a apoptose?
Eram canetas. Simples canetas. Azuis, pretas e verdes. "Chegou a encomenda mais importante!" disse o Adam sem que eu lhe detectásse uma gota de ironia.
A verdade é que estávamos a ficar sem canetas para marcar os eppendorfs e as caixas de 6 e 96 poços. Mas nunca me passou pela cabeça o que é que aconteceria se as canetas acabássem mesmo. Como é que conseguiríamos fazer a experiência sem saber onde está o quê? Em que tubo é que colocaríamos os reagentes de 500 libras? Como saberíamos qual das amostras ler na máquina de 3000 libras?

Nunca tive tanto respeito por uma caixa de canetas.