Piquenas coisas
Hoje foi o ultimo dia de férias da páscoa. É estranho as férias acabarem a uma terça, mas pelos vistos ainda há pessoas que celebram a Páscoa e fazem rituais tribais aos Domingos e depois têm que esconder os corpos e isso faz com que não possam assistir às aulas segunda de manhã. Assim, a Faculdade deu-lhes mais uns dias, umas pás e um terreno ao pé de Vila-Franca. Mas adiante.
Vim mais cedo para Lisboa para aproveitar a boleia do meu progenitor/dador do cromossoma Y (ou qualquer outro eufemismo para "pai"). Andei por aí, passei umas aulas, arrumei o quarto e ao fim da tarde fui até à Caixa Geral actualizar a caderneta (é que no outro a máquina do metro tentou ludibriar-me tentando fazer-me pagar dois passes pelo preço de um, parecia um vendedor de automóveis).
Quando saí achei que devia deixar a gravidade levar-me mais abaixo na rua e quando cheguei ao cruzamento com a estrada de Benfica pensei "Oh, que se lixe! Já que aqui estou vou queimar os 4 euros e meio que tenho na carteira no Mini-Preço" - eu sou mesmo assim, vivo a vida no limite e estou a pensar tatuar a frase "Carpe diem" nas virilhas ("Carpe" na esquerda e "Diem" na direita). Lá fui ao "minimercado mais barato da região da grande Lisboa". Entrei, peguei naquela cestinha (já agora, porquê uma cestinha e não um balde? Será uma tentativa de nos chegar aos instintos caçadores-colectores?) e fui apanhando aquilo que me parecia bom: uma alface viçosa (ironicamente fechada num pacote de plástico), pacotes de leite com chocolate, mousses, açucar e por aí fora.
Depois veio a hora de ir para a fila (esse comportamento de submissão social) e foi aí que me deparei com aquilo que me levou a escrever este post (caramba! estou a ficar como o Rui Gomes). Lá no meio das revistas cor-de-rosa (Nova Gente, Maria, Science, Doces Sem-Açucar de Manuel Luis Goucha) vi uma capa que estava tapada pela cesta da senhora duas pessoas à minha frente. Era a Mulher Moderna. "Wooow" - pensei, "já não me lembrava desta revista com um título tão enganador". Quem olha para aquelas capas cor-de-rosa com mulheres "siliconadas" (adicionem esta palavra aos vossos dicionários) e temas tão redutores para as mulheres não pode deixar de pensar que o nome Mulher Moderna sugere uma revolução naquela prateleira de literatura - uma revista que vai contra todo o machismo intrínseco das suas concorrentes, que valoriza a igualdade e o intelecto feminino. Mas não, todos sabemos que é apenas mais uma.
E assim que acabo de pensar isto, a senhora da cesta afasta-se e destapa a segunda parte da capa. A revista chamava-se agora Mulher Moderna na Cozinha. Não pude conter aquele riso em forma de grunhido que dura um nanosegundo - afinal nem o título distingue já esta revista. Aliás, com este título é impossível dizer se se trata mesmo de uma revista ou de parte de uma piada do Zezé Camarinha (ou de um militante do CDS-PP).
Mas bocas hão de me calar dizendo que a igualdade vem a caminho - e vem! Já se vislumbram revistas como a Men's Health, Maxmen e Ego que se preparam para nivelar toda a sociedade...
...por baixo.
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