O Malabarismo do Enrabador
Proponho-vos agora uma metáfora. É costume, quando se apresenta este tipo de raciocínios pedagógicos, começar pela crua verdade e depois propor uma metáfora, demonstrando os paralelismos de uma forma sábia. Eu vou fazer ao contrário, começando pela própria metáfora.
Imaginem que está um homem, com um ar tosco e de sobrancelhas unidas, de quatro, nú, em cima de uma cama. Este homem está a ser enrabado (penetrado analmente, para quem gosta de termos científicos) por um outro. O segundo homem está nu da cintura para baixo e acima desta está vestido como um executivo, com fato, gravata e todos os apetrechos que tipificam a classe. Este segundo homem está simultaneamente a fazer malabarismos com aqueles pinos que os artistas do circo (e frequentadores da festa do Avante) usam e dispõe um amplo sorriso amarelo na direcção do enrabado. O violado tenta, em esforço, observar o malabarismo de fraca qualidade que mal consegue ver, dada a posição incómoda em que está. E observa o malabarismo maravilhado, sem se importar com a penetração que decorre paralelamente na sua região anal.
O cenário é bruto e humilhante. Agora a crua realidade.
O homem enrabado representa os portugueses, ou pelo menos uma parte significativa desta população latina. O violador representa os clubes de futebol portugueses: o malabarismo fraco que pratica representa o futebol que se faz por cá e o enrabanço ao povo português metaforiza as constantes fugas aos impostos (o dinheiro de todos, para quem ainda não percebeu o sistema), os estádios pagos a meias (ou mais de meias) com o estado, mas que continuam a custar balúrdios ao cidadão quando este quer adquirir um bilhete ou as constantes transgressões da lei comuns entre os dirigentes dos clubes. O estranho é que o enrabado sente toda esta fricção anal sem lhe dar grande importância. Nem a posição incómoda que tem que suportar o demove daquilo que o hipnotiza. E o que é que o deixa tão mudo? O enrabado está maravilhado com o malabarismo. Por uma razão cultural centenária, o povo português tolera todo o tipo de violações por parte desta entidade em nome do futebol. E mais estranho, são capazes de defender o seu enrabador perante outros enrabados, como se de posições políticas se tratassem. Poucas discussões são mais acesas e “fundamentadas”, entre os portugueses, do que as sobre futebol. O mesmo povo que é capaz de se manifestar contra a compra de um submarino (cuja aplicação prática pode ser discutida, mas ninguém nega que é maior do que um estádio de futebol que se tornou propriedade de uma entidade privada).
O mal desta metáfora é que não representa as pessoas que gostam de ver o malabarismo, mas que são capazes de abdicar deste para assim evitar posições humilhantes. Mas quando a maioria gosta...
Viva o futebol. Abaixo os clubes. Abaixo os fanáticos.
Imaginem que está um homem, com um ar tosco e de sobrancelhas unidas, de quatro, nú, em cima de uma cama. Este homem está a ser enrabado (penetrado analmente, para quem gosta de termos científicos) por um outro. O segundo homem está nu da cintura para baixo e acima desta está vestido como um executivo, com fato, gravata e todos os apetrechos que tipificam a classe. Este segundo homem está simultaneamente a fazer malabarismos com aqueles pinos que os artistas do circo (e frequentadores da festa do Avante) usam e dispõe um amplo sorriso amarelo na direcção do enrabado. O violado tenta, em esforço, observar o malabarismo de fraca qualidade que mal consegue ver, dada a posição incómoda em que está. E observa o malabarismo maravilhado, sem se importar com a penetração que decorre paralelamente na sua região anal.
O cenário é bruto e humilhante. Agora a crua realidade.
O homem enrabado representa os portugueses, ou pelo menos uma parte significativa desta população latina. O violador representa os clubes de futebol portugueses: o malabarismo fraco que pratica representa o futebol que se faz por cá e o enrabanço ao povo português metaforiza as constantes fugas aos impostos (o dinheiro de todos, para quem ainda não percebeu o sistema), os estádios pagos a meias (ou mais de meias) com o estado, mas que continuam a custar balúrdios ao cidadão quando este quer adquirir um bilhete ou as constantes transgressões da lei comuns entre os dirigentes dos clubes. O estranho é que o enrabado sente toda esta fricção anal sem lhe dar grande importância. Nem a posição incómoda que tem que suportar o demove daquilo que o hipnotiza. E o que é que o deixa tão mudo? O enrabado está maravilhado com o malabarismo. Por uma razão cultural centenária, o povo português tolera todo o tipo de violações por parte desta entidade em nome do futebol. E mais estranho, são capazes de defender o seu enrabador perante outros enrabados, como se de posições políticas se tratassem. Poucas discussões são mais acesas e “fundamentadas”, entre os portugueses, do que as sobre futebol. O mesmo povo que é capaz de se manifestar contra a compra de um submarino (cuja aplicação prática pode ser discutida, mas ninguém nega que é maior do que um estádio de futebol que se tornou propriedade de uma entidade privada).
O mal desta metáfora é que não representa as pessoas que gostam de ver o malabarismo, mas que são capazes de abdicar deste para assim evitar posições humilhantes. Mas quando a maioria gosta...
Viva o futebol. Abaixo os clubes. Abaixo os fanáticos.
2 Comments:
Enrabar = humilhar = roubar de forma descarada.
Então vamos ter que reformular tantas anedotas, tantos comentários pós-exame e tantos filmes porno. O calão é uma fuga ao dicionário - uma palavra rebelde que morre quando alguém a decide introduzir na nova e modernaça edição do dicionário da lingua portugesa.
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