O dia em que eu conheci a Sara
Esta história com contornos mitológicos remonta aos primórdios da nossa vida académica. A acção decorre no degelo de Fevereiro de 2002, na nossa acolhedora Faculdade de Ciências, naquele período pós-exames em que as aulas recomeçam num enorme bocejo como o de quem fez uma directa e se prepara para mais um dia de trabalho. Nesta altura de indecisões a pessoa que se sentava ao nosso lado no anfiteatro do C8 podia deixar de aparecer, sugados pelo sonho da Medicina, da Farmácia, da Veterinária ou por outro curso socialmente aceite. As caras eram portanto voláteis e desfocadas e os grupos de amizade eram ainda bastante pequenos.
Tinha começado a cadeira de Biologia Animal II, que era dada por aquela professora que gostava tanto de furões como dos filhos e que tinha o hábito (na altura chocante para mim) de chamar os animais por “bichos”. Era uma das primeiras teóricas. Talvez a primeira depois da típica apresentação. Como se devem lembrar a matéria começava onde a Biologia Animal I acabava – nos moluscos.
Como sempre, eu estava sentado na 4ª ou 5ª fila, junto àquele janelão onde os pavões gostavam de se exibir lembrando-me que naquele caso as bestas do zoológico eramos nós e os visitantes eram eles. Ao meu lado estava o Alexandre. Na altura a sua vertente tecnocrata estava ainda adormecida limitando-se a fazer apontamentos manuscritos. À nossa frente estava uma rapariga de aspecto tresloucado, com cheiro a tupperware e o irritante tique de esfregar as mãos num pano. Claro que só reparei nisto depois do que aconteceu.
Introduzindo os moluscos, a professora perguntou (retóricamente, diga-se) o que queria dizer o nome “Mollusca”. A banalidade da pergunta e a sua mais que óbvia resposta não suscitou mais do que um bocejo na plateia. Mas não em toda as pessoas. A tresloucada rapariga da frente, como que movida pelas forças sobrenaturais do demo, ergueu o braço num pulo e gritou: “CORPO MOLE!”. Para terem algo como referência, o grito da rapariga foi apenas comparável ao grito do Ipiranga ou ao grito de liberdade de Sir William Walace no Braveheart (para quem não sabe, é aquele filme onde o Mel Gibson mostra o cu). Foi assustador! Uma onda de medo percorreu o meu sistema nervoso central e periférico e provavelmente o de todas as pessoas na parte mais anterior do anfiteatro.
Comentei com o Alexandre e sentenciamos que essa rapariga passásse a ser conhecido como “Corpo Mole”. A alcunha durou até sabermos que o seu nome verdadeiro era, nem mais nem menos, que Sara Silva.
Um beijinho para a Sara :)
Tinha começado a cadeira de Biologia Animal II, que era dada por aquela professora que gostava tanto de furões como dos filhos e que tinha o hábito (na altura chocante para mim) de chamar os animais por “bichos”. Era uma das primeiras teóricas. Talvez a primeira depois da típica apresentação. Como se devem lembrar a matéria começava onde a Biologia Animal I acabava – nos moluscos.
Como sempre, eu estava sentado na 4ª ou 5ª fila, junto àquele janelão onde os pavões gostavam de se exibir lembrando-me que naquele caso as bestas do zoológico eramos nós e os visitantes eram eles. Ao meu lado estava o Alexandre. Na altura a sua vertente tecnocrata estava ainda adormecida limitando-se a fazer apontamentos manuscritos. À nossa frente estava uma rapariga de aspecto tresloucado, com cheiro a tupperware e o irritante tique de esfregar as mãos num pano. Claro que só reparei nisto depois do que aconteceu.
Introduzindo os moluscos, a professora perguntou (retóricamente, diga-se) o que queria dizer o nome “Mollusca”. A banalidade da pergunta e a sua mais que óbvia resposta não suscitou mais do que um bocejo na plateia. Mas não em toda as pessoas. A tresloucada rapariga da frente, como que movida pelas forças sobrenaturais do demo, ergueu o braço num pulo e gritou: “CORPO MOLE!”. Para terem algo como referência, o grito da rapariga foi apenas comparável ao grito do Ipiranga ou ao grito de liberdade de Sir William Walace no Braveheart (para quem não sabe, é aquele filme onde o Mel Gibson mostra o cu). Foi assustador! Uma onda de medo percorreu o meu sistema nervoso central e periférico e provavelmente o de todas as pessoas na parte mais anterior do anfiteatro.
Comentei com o Alexandre e sentenciamos que essa rapariga passásse a ser conhecido como “Corpo Mole”. A alcunha durou até sabermos que o seu nome verdadeiro era, nem mais nem menos, que Sara Silva.
Um beijinho para a Sara :)
1 Comments:
Quem me dera ser o pano que ela tão ferozmente amassa em voluptuosos gestos húmidos de raiva intercalada com paixão.
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