Biolokos

Em Outubro de 2001 um grupo de "crianças" do secundário foi praxado na FCUL. Em Janeiro de 2005 surge o Blogspot desta geração de Biólogos que, certamente, conquistará o mundo. Este é o nosso diário.

maio 04, 2005

Pavões e outras futilidades

Darwin detestava pavões. Não havia animal que mais contrariasse a sua teoria da evolução por meio da selecção natural do que os pavões. Estas aves de aspecto amaricado arrastam uma incrível armação de penas de cores berrantes que expõem orgulhosamente. Darwin não compreendia tal futilidade evolutiva, cujo extremo levava um animal a perder a capacidade de voar e, consequentemente, de fugir dos seus predadores. Era como se este estúpido animal deitasse fora os milhões de anos de evolução que levaram à “concepção” do sistema de voo para ganhar uns pontos de extravagância. Darwin esqueceu-se de um factor importante no meio de tudo isto: as gajas.
A selecção sexual é a mais cruel forma de segregação. Não há campanha possível levada a cabo por uma ONG que consiga atenuar este método sadisticamente eficaz de eugenia. É ela a principal fonte de riqueza de personalidades como Calvin Klein – verdadeiros ditadores dos tempos modernos. A sua força de marketing é incomparável, vendendo iogurtes, roupa, ginásios, instrumentos ridículos de auto-tortura (alguns com capacidades electrocutantes) e toda uma vasta gama de items de consumo que prometem tudo aquilo que o sexo oposto (ou o mesmo sexo) deseja: carne rija e medianamente expandida, pele bronzeada (ainda que em risco de contraír um melanoma), cabelos sedosos e expressões faciais despoticamente determinadas pelas estrelas de Hollywood.
Mas é este o sistema que nos une e que nos rodeia e a prova da sua ominpresença foi o que me aconteceu há dias. Vindos da FCUL, eu e o Caiado fomos apanhar o metro à irritantemente simétrica estação do Campo Grande. Quando íamos a passar pelos moderníssimos portões de acesso (que estavam abertos, como sempre) lembrei-me de lhe contar um sonho que tenho e que vem desde o dia em que descobri como funcionavam os ditos portões. Eu guardo o meu cartão Lisboa Viva na carteira, e guardo a carteira num dos bolsos de trás das calças. O sonho consistia em passar a carteira pelo sensor sem a tirar das calças, ou seja, arrastando o glúteo pelo sensor. Rimos com a ideia. Em seguida, o Caiado propôs uma versão non-sense do meu sonho que era o de atirar a própria nádega com a carteira para cima do sensor, sem ter que saltar para cima dele com o resto do corpo. A única coisa que me veio à cabeça para responder a tamanha parvoíce foi, em alto e bom som, as palavras “GLÚTEUS FLACIDUS”. E foi o caos. A rapariga que seguia uns metros à frente tinha de facto uns “glúteus flacidus”. E pior, tinha-os revesitdos por umas calças semi-transparentes. Automaticamente a selecção que assombrava Darwin abateu-se sobre ela, que virou os olhos na minha direcção e me fuzilou com os mesmos. “Como é que aquele magricelas semi-careca horrível foi capaz de mencionar os meus colossais glúteos?”. O momento de tensão arrastou-se pelas escadas que dão acesso ao cais de embarque e terminou quando nos afastamos da rapariga. Foi comprometedor, mas ainda assim permitiu toda esta reflexão que espero que vos sirva de alerta para a próxima vez que mencionarem uma parte da anatomia humana num local público.

Darwin sempre preferiu os tentilhões.

4 Comments:

At 5:07 da tarde, Blogger Pizzicato said...

Rapaz!Devias escrever um livro!Ou mesmo logo 2 de uma só vez quem sabe!Eu comprava 2 exemplares de cd não fosse um deles extraviar-se ou queimar-se acidentalmente! O que eu me divirto a ler os vossos posts!

Keep up! Cheers!!

 
At 3:29 da manhã, Anonymous Anónimo said...

I've got a peacock, I've got a peacock! - talvez fosse para evitar esta frase (e as suas possíveis interpretações) que ele preferia os tentilhões...

 
At 11:28 da manhã, Anonymous Anónimo said...

"Fã secreta"? Serei eu? Duvido.. Provavelmente não percebi o comentário.
Além disso, sempre me achei sem nenhuma aura de mistério ou de secretismo.. Portanto, mais uma razão para não ser eu.
Mesmo assim, acho que prometi que voltava aqui para ler um texto teu. E mais uma vez gostei.
Talvez devesses mesmo escrever um livro.. já que agora toda a gente escreve e os portugueses estão numa de literatura light, porque não?
Talvez se tornasse um sucesso.. quem sabe..

Reli o comentário.. Se, de facto, a fã secreta não uma piada para mim, toda a introdução perde o sentido. Mas não me apeteceu apagar..
Não sei que mais hei-de escrever. Estou completamente sem ideias..
E estou-me a apreceber que isto está a ficar cada vez pior.. Cada vez mais confuso.. É melhor parar por aqui.

ana

 
At 1:05 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Ana é de facto o meu nome.. não sei porque haveria de mentir..
além disso, dispensava a ironia do "livro sem calorias"..
Só mencionei livros para concordar com o primeiro comentário e porque, na realidade, me divirti com os posts.
Mas já agora se a expressão "literatura light" te incomoda tanto, eu não a utilizo mais.. Mesmo estando na moda os estrageirismos..

ana

 

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