Os Dias do Fim
Acabaram os exames! Estamos licenciados! Se fossemos esferas independentes que não se intersectam, tudo acabaria aqui. Os 4 anos passados só teriam um significado laboral e este momento não passava apenas de um “ponto final-parágrafo”. Apesar de algumas pessoas seguirem esta filosofia de vida a verdade é que a grande maioria de nós criou laços fortes nestes ultimos anos. Não podia acabar de um momento para o outro. E não acabou.
Na noite do dia seguinte o pessoal aperaltou-se. Até eu quebrei a minha promessa de infância de nunca vestir um fato. E descobri que, tirando a gravata, aquilo até é bastante confotável. Todos estavam “standardizadamente” elegantes, mesmo quando punham os Ray-Ban do Rocha. Comemos como reis e ao fim de uns copos dançámos. Dançámos em circulos e aos circulos onde as caras embriagadas tinham sorrisos sinceros que sabiam a nostalgia. Com olhos nos olhos, aquelas danças já pareciam memórias antes de o serem verdadeiramente. E soube tão bem arruinar musicas de Pearl Jam e Ben Harper com aquelas vozes roucas. Aqui e ali pequenos grupos iam conversando sobre qualquer coisa: o que passou e o que se vai passar. Senti uma grande dose de nostalgia e não tive medo de a partilhar com algumas pessoas. Muitas delas responderam-me e bem que “ainda temo Sagres”. E dois depois veio Sagres.
A minha mão ondeava de fora da janela da carrinha dos bolos enquanto deslizavamos pela Via do Infante até Sagres. Já cheira a campismo. E o campismo é sempre bom: as tendas desarrumadas, o cheiro a protector solar, as refeições sub-nutridas e a caruma a picar a planta dos pés. Calcorreámos as praias de Este a Oeste (Martinhal, Beliche, Ponta Ruiva e Mareta) e em cada uma delas apanhámos sol suficiente para escaldar um Bosquímano. A cada dia pessoas iam aparecendo e desaparecendo. Souberam bem estes dias mas fica a amarga sensação de nunca saber quanto tempo durarão estes “adeus”.
Que estes acampamentos durem
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