maio 21, 2005
maio 10, 2005
Operação Bigode: ascenção, queda e ascenção de um ritual
Estaline, Toni, Marx, Hitler, Quim Barreiros, Henrique VIII, Rosa Mota: todos eles possuem algo em comum que os distingue do resto da sociedade e que os faz sobressair como seres humanos de valor - o bigode.
O bigode é mais do que um conjunto amorfo de pêlos à espera de serem impregnados com um alimento liquido ou sólido. É mais do que a manifestação do desleixe social de uma classe de homens e mulheres rejeitados pela sociedade Kleineana. O bigode é uma filosofia de vida, uma forma humanista de encarar os desafios fustigadores da vida, uma medalha de honra, um bonsai e, acima de tudo, um conjunto amorfo de pelos à espera de serem impregnados com um alimento líquido ou sólido.
Tenho pena de ter nascido numa época de imberbérie. O bigode foi marginalizado e acusado de inesteticidade. Sofro secretamente por não poder povoar a minha região sub-nasal com másculos pelos.
Mas chega de introduções aborrecidas e anasaladas, que adormecem o mais hiperactivo leitor num tormentoso e monocórdico sono de trocadilhos e adjectivações compulsivas e enfadonhas... E lá ia eu outra vez.
Foi com este sentimento interno de revolta que alguns de nós, militantes da causa bigodácea, partimos para aquela que báptizamos de OPERAÇÃO BIGODE.
O plano era simples.
1. Juntar um grupo de jovens dispostos a fundar um movimento brevemente seguido por milhões e quiçá merecedor de franchisings religiosos.
2. Dirigir até a uma catedral de consumo e comprar nada mais nada menos do que um punhado de bons bigodes postiços.
3. Arrastar todos os fundadores e militantes do bigodismo para uma qualquer tasca/café/estabelecimento comercial que esteja a transimir um jogo do Sport Lisboa e Benfica.
4. Exprimir indignação, tecer comentários derrotistas e infundamentados, beber cerveja e mascar palitos são algumas das acções a ser levadas a cabo.
Mas ao contrário dos planos do Esquadrão Classe A nem tudo corre como planeado. O que sucedeu é que no dia da estreia da operação bigode, o mítico 7 de Maio de 2005, o clube de todos os enbigodados perdeu com um tal de Penafiel. O caos e a desgraça abateram-se sobre os apóstolos do pêlo facial...
Tudo parecia perdido. Os pioneiros regressaram a casa abatidos e com a certeza de que haviam passado ao lado de um mundo novo de liberdade para todos os troços de pele facial. Lágrimas chegaram a ser vertidas.
Mas eis que se não quando, na segunda feira seguinte (dia 9 de Maio) se assistiu a uma verdadeira ressureição do bigode. Olhando em seu redor, os ateadores do bigodismo mal podia acreditar no que se passara. Milhares de seguidores se haviam juntado à causa, libertanto-se das correias castradoras impostas pelos tempos modernos. O bigode reinava finalmente!
Apenas há a acrescentar que o Benfica ganhou ao Sporting no Sábado seguinte, sedimentando a palavra dos pais do neo-bigode.
Nietzsche estava errado quando disse que o bigode estava morto...
maio 04, 2005
Pavões e outras futilidades
A selecção sexual é a mais cruel forma de segregação. Não há campanha possível levada a cabo por uma ONG que consiga atenuar este método sadisticamente eficaz de eugenia. É ela a principal fonte de riqueza de personalidades como Calvin Klein – verdadeiros ditadores dos tempos modernos. A sua força de marketing é incomparável, vendendo iogurtes, roupa, ginásios, instrumentos ridículos de auto-tortura (alguns com capacidades electrocutantes) e toda uma vasta gama de items de consumo que prometem tudo aquilo que o sexo oposto (ou o mesmo sexo) deseja: carne rija e medianamente expandida, pele bronzeada (ainda que em risco de contraír um melanoma), cabelos sedosos e expressões faciais despoticamente determinadas pelas estrelas de Hollywood.
Mas é este o sistema que nos une e que nos rodeia e a prova da sua ominpresença foi o que me aconteceu há dias. Vindos da FCUL, eu e o Caiado fomos apanhar o metro à irritantemente simétrica estação do Campo Grande. Quando íamos a passar pelos moderníssimos portões de acesso (que estavam abertos, como sempre) lembrei-me de lhe contar um sonho que tenho e que vem desde o dia em que descobri como funcionavam os ditos portões. Eu guardo o meu cartão Lisboa Viva na carteira, e guardo a carteira num dos bolsos de trás das calças. O sonho consistia em passar a carteira pelo sensor sem a tirar das calças, ou seja, arrastando o glúteo pelo sensor. Rimos com a ideia. Em seguida, o Caiado propôs uma versão non-sense do meu sonho que era o de atirar a própria nádega com a carteira para cima do sensor, sem ter que saltar para cima dele com o resto do corpo. A única coisa que me veio à cabeça para responder a tamanha parvoíce foi, em alto e bom som, as palavras “GLÚTEUS FLACIDUS”. E foi o caos. A rapariga que seguia uns metros à frente tinha de facto uns “glúteus flacidus”. E pior, tinha-os revesitdos por umas calças semi-transparentes. Automaticamente a selecção que assombrava Darwin abateu-se sobre ela, que virou os olhos na minha direcção e me fuzilou com os mesmos. “Como é que aquele magricelas semi-careca horrível foi capaz de mencionar os meus colossais glúteos?”. O momento de tensão arrastou-se pelas escadas que dão acesso ao cais de embarque e terminou quando nos afastamos da rapariga. Foi comprometedor, mas ainda assim permitiu toda esta reflexão que espero que vos sirva de alerta para a próxima vez que mencionarem uma parte da anatomia humana num local público.
Darwin sempre preferiu os tentilhões.